O terceiro painel, moderado por Mauricélio Oliveira, Presidente da Abrint, contou com a participação de Luis Guillermo Alarcón Lopes, especialista líder em Telecomunicações do BID, Juliano Stanzani, do Ministerio das Comunicações, Luiz Henrique Barbosa, do Conselho Gestor do FUST, Janyel Leite, Vice-líder do Conselho de Administração da Abrint e Luiz Henrique Hupsel, Gerente do BNDES.
Mauricélio iniciou o tema falando a respeito de financiamentos com o BNDES. “Os bancos que fazem a intermediação, e sentimos a dificuldade de pegar esse crédito devido aos bancos não estarem preparados para essa transação por não conhecer esse mercado dos pequenos provedores”.
Luiz Henrique Hupsel, por sua vez, mostrou o posicionamento dos instrumentos de apoio do BNDES. Ele ressaltou os produtos segmentados por porte. “Empresas tratam diretamente com o banco o seu financiamento (para valores acima de R$ 10 milhões), ou por meio de agentes credenciados e assim termos capilaridade, para os recursos chegarem de maneira mais rápida (para valores de até R$ 10 milhões).
Ele explicou sobre o FUST e sua disponibilidade, e o Finame FUST, focado em micro, pequenas e médias empresas para compra de insumos, fibra, cabos e produtos, além de capital de giro. “São quase R$ 400 milhões aprovados em operações e mais R$ 1,2 bilhão no pipeline, em menos de 1 ano de operação”. A contrapartida exigida é que os provedores atualizem suas bases de dados na Anatel, para que seja possível elencar deficiências e poderem focar nas melhorias necessárias.
Além disso, ressaltou medidas emergenciais para o Rio Grande do Sul após a catástrofe climática sofrida, como um posto avançado disponível em Porto Alegre, disponibilizando a suspensão de pagamentos por 12 meses, além de R$ 15 bilhões em linhas de apoio. Isso é válido para empresas com sede (ou filial) no RS com impactos negativos declarados e em municípios em calamidade. A contrapartida pedida para as empresas é a manutenção de empregos e a declaração de perdas e danos.
Luis Guillermo Alarcon Lopes do BID, focou na necessidade de atualizações de dados para os sistemas.
“A intenção é fechar as lacunas de informação. E são os provedores que vão providenciar as informações ao sistema”, disse. Segundo ele, a plataforma deve funcionar com base em análise de dados, e a expectativa é de que o sistema reduza a assimetria de informação entre os bancos e os ISPs, permitindo, assim, operações financeiras mais vantajosas para os provedores.
Lopez reforçou que a plataforma deve ser abastecida com dados da Anatel e do governo, no sentido de funcionar como uma espécie de política pública de financiamento. O BID também está desenvolvendo um sistema para avaliar a real dimensão do setor de conectividade do País, identificando as localidades atendidas pelos provedores.“A estratégia para mudar essa situação é trabalhar com bancos de desenvolvimento e criar mecanismos de garantias para esse setor, alavancando o FUST e atraindo o capital privado. Será uma base de dados mais atualizada”, afirmou.
Janyel Leite aproveitou para lembrar os ISPs de que precisam administrar os dados de suas empresas. “Para conseguir financiamento, cuidem bem dos dados contábeis e da gestão. É uma política pública de longo prazo que está sendo construída – e esse instrumento pode nos ajudar a dar um passo importante”, ressaltou.
Juliano Sanzani afirmou que o principal desafio para as empresas é não usar o crédito concedido nos fundos – como Fust e Funtel – como principal recurso para o crescimento da empresa. É o que acredita o diretor de política setorial do Ministério das Comunicações (MCom), Juliano Stanzani. O representante da pasta também acredita que o segundo desafio é não contingenciar os fundos.
“Qual é o tamanho dos recursos que estão disponíveis para financiar as ações de telecomunicações? Não precisamos falar apenas de recursos públicos, os provedores também precisam ter acesso a empréstimos com recursos privados, o desafio é fazer esse bolo crescer”.
“Além de fazer o bolo crescer, enxergo hoje que os principais desafios são os custos de transação e a assimetria de informação. Precisamos facilitar o entendimento das condições e as possibilidades das empresas do setor de telecomunicações pelo mercado financeiro”, falou.
Também afirmou que o governo quer priorizar “as principais dificuldades” das empresas de telecomunicações, especialmente os pequenos provedores, e para isso precisa da “ajuda das associações” para reforçar o papel do Fust e do Funttel para crescimento sem o contingenciamento.
“Temos que facilitar a vida do pequeno provedor, para que o mercado financeiro e os empresários do setor conheçam bem as necessidades um do outro”. afirmou.
Luiz Henrique Barbosa foi mais incisivo ao falar que o Estado gasta muito, que são números escandalosos, ressaltando que causa raiz do problema é o déficit do governo, devido aos altos gastos, não sobrando dinheiro para grandes investimentos em nenhum outro setor. “Uma grande dificuldade está em ajudar o Ministério das Comunicações para fazer chegar o dinheiro onde deve”, afirmou.
Janyel, ao final, resumiu sobre importância da ciência de dados da informação. “Sem a informação não vamos conseguir ser assertivos e ir longe. Então os provedores têm que ajudar na evolução da coleta de dados da Anatel. Cuidem bem dos dados contábeis de gestão, é uma solicitação recorrente da Abrint”, finalizou.