Nos dias 11 e 12 de dezembro, a Abrint participou do IX Fórum 18, realizado como parte continuada da 14ª Semana de Infraestrutura da Internet no Brasil. Promovido pelo Brasil Internet Exchange (IX.br), em conjunto com o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o evento contou com recorde de participantes e seguiu reunindo especialistas e profissionais para debater a infraestrutura da internet no Brasil e os desafios futuros do setor.
Durante o painel sobre o Canal Oficial de Teste da Anatel, que discutiu uma ferramenta experimental voltada para garantir o direito do consumidor em relação à qualidade dos serviços de internet. Os representantes da Anatel reforçaram que, para o sucesso dessa ferramenta, será fundamental a colaboração entre prestadores de serviços, consumidores e a própria Anatel, destacando também que o projeto ainda está em fase de aprimoramento por meio de um grupo de trabalho.
No painel, Wardner Maia, conselheiro da Abrint, trouxe a perspectiva dos provedores regionais, enfatizando que a qualidade do serviço vai além da velocidade de conexão, sendo impactada por uma série de outros fatores técnicos e operacionais. Maia destacou a importância da parceria entre Anatel e NIC.br na criação de uma ferramenta oficial, especialmente diante do uso recorrente de outras propostas não confiáveis ou controladas para medir a velocidade da conexão.
Ressaltou que, com o avanço da fibra óptica, não há problemas em entregar a banda contratada e que mais de 60% do tráfego de internet atualmente é consumido em CDNs (Content Delivery Networks) e Pontos de Troca de Tráfego (PTTs), que se encontram cada vez mais próximos dos provedores e usuários finais, garantindo ainda mais eficiência no tráfego de dados.
Portanto, segundo ele, o maior desafio hoje pode não ser a entrega da banda efetivamente contratada, mas sim o possível uso indevido da ferramenta por alguns consumidores para justificar quebras de contrato ou ações judiciais contra os provedores, por exemplo.
Desse modo, ele sugeriu que a ferramenta não deve ser tratada como um marco absoluto para medir a qualidade dos serviços, uma vez que outros fatores externos à medição, como interferências no Wi-Fi, podem impactar negativamente a experiência do usuário. “Problemas como instalação inadequada do roteador, interferências externas, interferência de redes vizinhas, ou o próprio dispositivo do usuário não é capaz de consumir aquela banda são exemplos de fatores fora do controle dos provedores regionais que podem afetar o desempenho da rede”, pontuou Maia.
Além disso, o conselheiro sugeriu que a Anatel tenha mais atenção em garantir a evolução do Wi-Fi, especialmente preservando a regulamentação do espectro de 6GHz e sua sobrevida, sem dividi-lo com o 5G. Para Maia, o espectro completo é fundamental para o futuro do Wi-Fi e sua divisão representaria um retrocesso em face do crescimento constante da demanda por banda larga de alta qualidade.
Durante os dois dias de evento, a programação abordou uma ampla gama de temas, como a transformação das telecomunicações na era da inteligência artificial, o impacto de enchentes na infraestrutura de TIC, e propostas de regulamentação para a internet. Sendo assim, como associação representativa, a Abrint entende que assuntos são fundamentais para a construção de uma internet resiliente e inclusiva no Brasil, especialmente em um cenário de constantes mudanças tecnológicas e regulatórias.
Por fim, a apresentação do Dossiê de Impacto à Internet, que discutiu possíveis propostas de taxação do uso da rede e pedágios na internet, também chamou a atenção da Abrint. A associação reafirma sua posição contrária a qualquer medida que possa comprometer a neutralidade da rede e a competitividade do setor, especialmente para os provedores locais, que seguem desempenhando um papel fundamental na democratização do acesso à internet no país.