A realidade da segurança nas redes e como as autoridades estão trabalhando foi o foco do Painel “Segurança pública e Cyber: os contornos da realidade”, que reuniu um time de especialistas sob a moderação de Sidnei Batistella, Vice Presidente na ABRINT. Uma questão de interesse para todos os gestores que se envolvem direta ou diretamente com as redes.
Entre os convidados, Alesandro Gonçalves Barreto, Delegado de Polícia e Coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas na Secretaria de Nacional de Segurança Pública – Ministério da Justiça; Ana Paula Bialer, Integrante do Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD); Raphael Garcia de Souza, Gerente de Controle de Obrigações Gerais da ANATEL; e o Comandante José Benoni Valente Carneiro, Secretário Adjunto da Secretaria de Acompanhamento e Gestão de Assuntos Estratégicos do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Como iniciou o representante da ANATEL, existem marcos regulatórios bem definidos em cibersegurança no Brasil. “Nós (ANATEL) fomentamos o tema de resiliência cyber, a partir de uma regulamentação específica, na qual fazemos o controle e o monitoramento das empresas do setor com relação à segurança digital, acompanhamos os fóruns internacionais e trazemos os padrões globais para a Agência e o setor”, enumerou Souza.
Além disso, a ANATEL possui um fórum que agrega o órgão regulador, os fornecedores e a sociedade como um todo. “Criamos dois guias, um de boas práticas para as empresas, que apoia tecnicamente as empresas menores, e o outro guia que traz melhores práticas para o desenvolvimento de aplicações, porque temos que ter softwares seguros. E o nosso GT Cyber faz interações contínuas em suas diversas frentes”, completou.
Outra vertente, aponta Souza, é o trabalho no desenvolvimento do Guardião da Internet, que pretende tornar o setor ainda mais resiliente. “Posso dizer em primeira mão que vamos ter um exercício setorial em agosto para que possamos ampliar a capacidade de reação do setor como um todo”, revelou.
Um exemplo de reação colaborativa foi a descoberta e inibição de uma tentativa de ataque com bomba no show de Lady Gaga no Rio de Janeiro no início de maio último. “Conseguimos descobrir o possível ataque graças à colaboração com as empresas do mercado de telecom. É preciso lembrar que o problema nunca é a tecnologia, e sim quem a está manipulando, é o sujeito que fica no meio entre a cadeira e a tecnologia”, ironizou o Delegado Barreto.
Com um olhar mais macro, o Comandante Carneiro, do GSI, enfatizou que o Governo tem muitas áreas olhando para o tema do uso dos dados pessoais. “A LGPD parte da ideia do controle pessoal do uso de dados, com controles de como eles são utilizados e para que são usados. As organizações precisam tratar nossos dados de modo responsável e com prestação de contas. A pessoa precisa tutelar suas informações, e nossa vida hoje é online. Precisamos educar e conscientizar cada vez mais as pessoas para que tenhamos um ambiente seguro”, explicou.
No âmbito da segurança digital, ele aponta que existem inúmeras facetas do trabalho desenvolvido pelo GSI. “Quando é um problema de segurança pública, colaboramos e trabalhamos de modo integrado com outros setores e entes, inclusive no mapeamento de infraestrutura crítica”, afirmou.
Ele explica que uma infraestrutura crítica é aquela que afeta a interrupção de serviços da vida da população, como acontece nas telecomunicações. “Identificamos o que é crítico nos setores fixo, móvel, satelital e estruturas ligadas a cabos marítimos”, listou.
Ao todo, ele revela, existem hoje 1,5 mil pontos de infraestrutura críticas já mapeadas que podem ser vítimas de ataques cibernéticos. “Fizemos um diagnóstico que foi entregue aos entes e vimos a interdependência de diversos serviços, como energia e telecom, por exemplo”, finalizou.