Cada vez mais presente no dia a dia dos negócios e das empresas, o ESG (Environmental, Social, Governance), que significa meio ambiente, social e governança, já é uma realidade também entre os Provedores de Pequeno Porte (PPPs). A palestra ESG e PPPs: como transformar letras em ação, que contou com a moderação de Janyel Leite, da Abrint, jogou luz em questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável nas telecomunicações e em como os PPPs podem se organizar para fortalecer a competitividade e a sustentabilidade desses negócios e, assim, atingirem resultados concretos. Uma das propostas apresentadas é a da Anatel. O órgão regulador planeja lançar um projeto piloto com os primeiros resultados da elaboração do Selo Climático ESG, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em agosto.
“Esse é um tema muito importante para a Anatel, um termo que foi cunhado há 20 anos. O selo climático em parceria com o BID trará os resultados das últimas pesquisas realizadas com os pequenos provedores e é uma grande oportunidade para que eles possam avançar em direção às demandas do futuro e possam obter vantagens competitivas”, afirmou Daniel Martins de Albuquerque, conselheiro da Anatel.
Marco Lino, da CoLin Consultoria, observou que a avaliação da Anatel é um bom ponto de partida para o futuro dos negócios dos PPPs. “Os provedores já se encontram nesse ponto, mas mais importante é o ponto de chegada, ou seja, chegar bem no final, dentro do seu tamanho e dos recursos existentes para investir”, afirmou. A proposta da Anatel reforça a necessidade de ações planejadas, assim como o apoio de iniciativas regulatórias e de mercado para que se possa atingir resultados concretos para os negócios.
Construído ao longo de décadas, o conceito de ESG ganhou corpo a partir do pacto global da ONU, em 2004, um marco para o conceito do desenvolvimento sustentável. “A provocação do secretário geral da ONU à época, Kofi Annan, já mostrava que havia um quesito forte de governança juntamente com as preocupações ambientais e sociais. Foi então que surgiu o termo ESG. O fato de usarmos a conectividade em nosso dia a dia já está 100% alinhado ao conceito ESG. O setor de telecomunicações tem conquistado cada vez mais protagonismo, como aconteceu durante a pandemia”, resumiu Lino.
Raquel Gatto, do Nic.br/CGI, que opera o registro de domínios .br, ressaltou a importância do reconhecimento do trabalho da Anatel, fundamental para enxergar além do regulatório.
A executiva ressaltou a importância da conectividade significativa, que tem papel fundamental para mudar o pensamento tradicional de empresas, independente do porte, e que trabalham com a lógica do mercado e do investimento. “O Nic.br produz indicadores para chegar a um diagnóstico sobre a chegada da internet nas comunidades. O conceito de conectividade significativa vai além da chegada da internet ao cidadão; é preciso considerar como se caracteriza o entorno”, afirmou.
De acordo com Raquel, no Brasil a oferta de internet e de usuários frequentes que acessaram nos últimos três meses chega a 87%, em média. No entanto, quando é feita a combinação do custo com o poder aquisitivo da região, a frequência desse acesso cai significativamente. “Por isso é preciso pensar como a conexão se atualiza no entorno e como é possível valorizar essas comunidades”, afirmou.
Albuquerque, da Anatel, explica que o setor de telecomunicações possui uma responsabilidade proporcional ao impacto que causa. “Há um trabalho muito importante na interiorização dos serviços”, avalia. Lino faz coro e observa que o empreendedor já contribui para a agenda da ONU, mesmo que não perceba. “É preciso saber interpretar as ações do dia a dia, entender o que faz e contar com ajuda para saber o que está dentro da agenda ESG. Um exemplo é a gestão do consumo energético, o que acaba contribuindo para a economia circular. O empreendedor precisa entender que o tamanho da empresa não interfere no ESG porque são práticas globais”, refletiu.
As práticas ESG tendem a fortalecer a reputação das empresas junto aos consumidores, aumentando a confiança e a lealdade à marca, além do acesso a novos mercados e financiamentos.